Formação da biocolonialidade do poder na América Latina

Resumo

O presente trabalho argumenta que o termo "biocolonialidade" é fundamental para compreender de uma nova maneira a genealogia das relações de forças políticas e jurídicas impostas na história ocidental a partir do século XVI. Nesse sentido, afirmamos que o processo histórico de conquista e colonização da América desempenha um papel fundamental, embora geralmente negligenciado, no desenvolvimento das "artes do governo" sobre as populações e os corpos que caracterizam a modernidade, ou seja, no curso da governamentalidade ocidental e sua complementaridade colonial do poder, uma questão que é especialmente evidente ao analisar alguns dos tópicos centrais que circundaram os discursos e estratégias implementadas para enfrentar os problemas de legitimidade do poder imperial espanhol, uma vez que este tentou governar o "Novo Mundo" durante a primeira metade do século XVI. Dessa forma, dando especial atenção às práticas discursivas e estratégias governamentais em torno da "condição do índio" e das causas da "guerra justa" que caracterizaram a modernidade inicial, propomos traçar algumas diretrizes gerais para novas genealogias de uma perspectiva biopolítica não eurocêntrica, a que nos referimos como o desenvolvimento da noção de biocolonialidade.